Matéria publicado no Jornal HOJE EM DIA - DO DIA 12 / 05 / 2002 - Girleno Alencar

MONTES CLAROS - A doação de casas, em vez de roupas, alimentos e outros materiais, foi definida através de pesquisa feita junto as famílias carentes, informa o fiscal fazendário Edilson de souza de Oliveira, um dos pioneiros no projeto. "Pensamos em seguir o modelo convencional de ação social. Porém, depois da pesquisa, optamos pela doação da casa própria, um bem duradouro, que resolve definitivamente o problema da falta de moradia."

A escritura da casa doada só será entregue em caráter definitivo ä família beneficiada depois de dez anos de moradia ininterrupta. Edilson de Souza lembra que a medida visa coibir a ação dos chamados "profissionais da miséria social"- pessoas que já receberam casa própria em outros projetos e repassaram ou venderam seus direitos. O Projeto Social da Casa Própria tem como critério deixar o imóvel doado em nome da associação que o coordena por cinco anos. No sexto ano, o imóvel é colocado em nome da mulher da família, em caráter alienado. somente no 11º. ano é que se concede a escritura definitiva, também em nome da mulher.

Edilson de Souza explica que a opção pela mulher se deve ä possibilidade de o casal vir a separar-se, já que na maioria das vezes os filhos ficam com a mãe.
Edilson de Souza frisa o rigor com que é feito o cadastramento das famílias que serão beneficiadas.

Uma comissão de quatro associados é formada para visitar os bairros mais carentes, principalmente as favelas. O nome do futuro beneficiado que for indicado será acatado. Para cada casa a ser doada é formada uma comissão diferente, evitando qualquer tipo de exploração com a atividade.

"As duas casas doadas já resolveram o drama de 10 pessoas, que deixaram de viver debaixo de lonas de plástico ou mesmo sob pontes. Queremos que iniciativas similares sejam seguidas por outros segmentos da sociedade. Não podemos transferir a responsabilidade para o Governo, pois é um problema de todos", argumenta Elci Ribeiro.